Houve um tempo em que eu me senti vazio. Não havia mais a felicidade em sentir os dedos a deslizarem sobre as páginas amarelas de um livro, não havia mais o cheiro de afago no nariz numa mistura de novo e, às vezes, da velha poeira das aventuras, e pior de tudo, não havia mais o sentimento de estar acompanhado. Só o que me restou foi a solidão e o árduo trabalho dos dias. Por quase ou mais de um ano eu pude sentir o meu cérebro definhar, pude sentir a massa cinzenta ser comprimida entre o desejo pelas realizações insólitas e o escapamento pelo desejo de se aventurar no impossível. Porém algo me chamava, eu sentia toda vez que meus dedos circulavam pelas velhas lombadas, pelas capas impressas e pelos meus sonhos imprevistos da sagacidade pelo novo. Impossível é desprender-se de um vício, ainda mais quando esse vício é a busca pelo conhecimento, pelo novo, pela liberdade, a liberdade proporcionada pelo poder mágico das palavras.
Em 2014 eu criei esse espaço pela necessidade da comunicação e do compartilhamento das minhas ideias sobre literatura. Era aqui, nesse espaço feito sob as minhas medidas, que eu me sentia livre (coisa que não conseguia na vida real), um sentimento de liberdade que era avassalador, pois cá estava eu a falar sobre o que mais gostava: os livros. Muita coisa aconteceu durante todo esse tempo, muitas pessoas passaram e tentaram se agrupar nesse meu mundinho, mas fica difícil reunir discípulos quando quaisquer deles não entendem o enfraquecimento da distância e o entorpecimento da vida a bater na porta. Muitos projetos também já foram levantados, alguns com bons resultados, outros nem tanto, mas sempre com o intuito de levar a literatura e o prazer da leitura para aqueles que a procuravam. No final cá estava eu, sempre a cogitar novas ideias, sempre a tentar fervilhar a cabeça no intuito de criar, pois sempre tive em mente que a ideia de criar era o pontapé para se ganhar o mundo. E foi então nesse processo de me tornar um leitor assíduo que conheci o lado mais forte que os livros me proporcionaram: a forma de enfrentar o mundo e suas tormentas através da leitura. O que quero deixar aqui claro é a minha paixão pelos livros, é a vontade em levar isso ao mundo, é a minha insistente maneira de tratar a literatura como algo primordial e essencial para a humanidade. Quero também mostrar que o Bodega Literária está voltando com novos ares, mas sempre com o velho pensamento de que aqui é o meu lugar e sempre foi, que aqui não tenho solidão e de que os livros sempre serão a melhor forma de iluminar o caminho no qual tenho que percorrer em minha jornada. Então até os nossos próximos encontros e que isso se torne um trampolim para algo grande, enorme e maravilhoso que está por vir. Rodolfo Vilar 27 de Outubro de 2019
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