O Eleito: Um retalho literário sobre percepções de estilos narrativos | Thomas Mann

Nunca havia lido nada do Thomas Mann, a não ser as breves críticas literárias sobre a sua forte concepção pela construção de suas narrativas épicas como Doutor Fausto ou a Montanha Mágica. Também havia assistido a diversos vídeos comentários sobre como o autor é "basicamente um mestre na construção de narrativas lineares complexas" ou como ele "perpassa o senso de literatura e a transforma num panorama histórico que o influenciou em meio as suas construções". O que sempre tinha em mente sobre Thomas Mann era só o que os outros falavam, mas nunca minha própria concepção sobre tão grandioso homem das literaturas. Com o convite dado pela Companhia das letras a conhecê-lo através da história de "O eleito", senti-me estranhamente surpreso por começar a me embrenhar na literatura Thomaniana exatamente por um dos livros menos comentados de sua obra, o que para muitos é uma grande obra, mas também para outro mundaréu é um grande desastre. Mas aconteceu que eu me surpreendi, e de uma maneira bastante interessante, já que eu, tão acostumado com as narrativas lineares de José Samarago, senti-me adentrando um solo já seguro ao primeiro sinal de que "O eleito" nada mais era que um precioso fio  narrativo que Thomas Mann conseguiu tão bem desenrolá-lo de seu novelo mágico. 

Escrito em 1951, um de seus últimos romances publicados, "O Eleito" conta através da perspectiva de um monge a história de vida de Gregorius, fruto incestuoso de um casal de irmãos nobres, que ainda bebê é lançado ao mar. Ele sobrevive milagrosamente e é criado por pescadores e por um abade numa ilha remota. Já adulto, o destino fará seu caminho cruzar com o de uma rainha, com quem se casa - sem saber que pde tratar-se de sua própria mãe. Banido mais uma vez, partirá em busca do caminho da evolução moral e espiritual para alcançar a redenção divina e tornar-se um homem santo. 

Tomando como ponto de partida a história de um papa consagrado na literatura cristã por sua tão afamada forma de vir ao mundo, Thomas Mann irá mesclar diversos estilos linguísticos a sua narrativa, desde a historicidade bíblica da exclusão da humanidade devido ao ato pecaminoso, perpassando pelas narrativas folclóricas de cavalaria iguais as histórias da távola redonda, até os mitos gregos de Homero sobre os romances incestuosos tendo a morte e o castigo como redenção. Tudo isso como forma e maneira de contar através de uma linha tão linear de um novelo a vida de Gregorius e sua evolução. 

Conhecer Thomas Mann através de suas últimas histórias é uma forma até divertida de já entender um autor em sua maturidade e envolto em suas diversas metáforas á cerca de sua bagagem literária e de cultura. Conhecer Thomas Mann através de "O eleito" é querer bem mais de suas obras e de seu conteúdo, é apenas uma amostra do tamanho de sua capacidade como humano e influente. Não sendo à toa considerado como um dos autores para a modernidade e ganhador do Prêmio Nobel. 


​Por Rodolfo Vilar