BIBLIOTECA
Para os fãs de Borges, Cortazar, David Foster Wallace, Tolstói e muitos outros contistas, Mac e seu contratempo é uma obra que vai além de seu gênero, de sua criação e de sua linguagem. Fazia tempos que não havia lido algo tão atemporal, em que o cerne de seu conteúdo é a própria linguagem como personagem, essa que molda-se constantemente ao desenrolar do mero fio que tece toda a trama. Em suma: Mac e seu contratempo é um livro sobre a própria ficção que confunde-se com realidade. Com a leitura do livro conhecemos Mac, o protagonista principal de nossa história, um sujeito melancólico e solitário que passa a maior parte do tempo passeando pelas ruas de barcelona, escrevendo em seu diário numa missão quase impossível e fazendo do horóscopo do jornal respostas para suas maiores dúvidas. O seu maior objetivo agora é reescrever o livro do seu vizinho, Sanchez, como uma experiência para mostrar a si mesmo que é um bom escritor. O mais curioso com a leitura do livro é descobrir que estamos lendo um livro que trata-se de um sujeito em busca de escrever um livro, o que nos remete a obras como a de Borges, em que caímos dentro de um limbo sobre a própria linguagem. Mac embrenha-se na leitura do livro do seu vizinho, que por um lado acha um livro terrível de ruim, e tenta fazer dessa leitura (tão cheia de inspirações em outras obras e autores famosos) que a aventura se transforma num exercício em conhecer a si mesmo como escritor. Em suma, o livro é sobre a literatura como próprio processo de criar literatura, ou sobre um livro de ficção sobre ficção. Os títulos da obra fictícia de Sanchez rementem a epígrafes de grandes autores como Cortazar, Borges, David Foster Wallace ou Gogol, onde essa experiência nos faz perguntar se a própria literatura não é se não uma grande repetição do que já existe no mundo. Ou como diria os grandes filósofos, que nada se cria mas sim se copia. Com isso, Enrique Vila Matas aborda a filosofia do ato de repetição como processo criativo, onde tudo é criado a partir da falsificação onde no fim realidade e ficção se confundem. Tanto que o próprio Mac, em meio ao seu processo de criação, perde a noção do que pode ser real ou não em sua vida. Por fim, Mac e seu contratempo é um livro sobre escrever literatura nos tempos atuais. Enquanto conhecemos os personagens e os cenários fictícios de uma Barcelona dos dia atuais, a leitura do livro torna-se uma experiência submersa que fica difícil de explicar em palavras, a não ser a própria leitura em si como possa explicar. Enrique Vila Matas é considerado um dos grandes autores de seu gênero, onde mescla o real com o falso numa experiência que nos faz questionar o real papel da literatura em nossas vidas. Por Rodolfo Vilar
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April 2021
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