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A PESTE | ALBERT CAMUS6/6/2018 Nunca imaginei que pudesse existir um livro que me deixasse mais em dúbia dúvida que A Peste do querido Camus. Digo isso porque simplesmente ler Camus é uma experiência que te leva do êxtase a repugnância, e isso em meras poucas páginas de diferença. Com o livro 'A peste", a minha primeira experiência com o autor, esse sentimento não poderia ser diferente. Publicado em 1947 e tendo sido escrito durante a Segunda Guerra Mundial, A Peste conta a história da população de Oran, uma pequena cidade da Argélia, que subitamente é acometida pela peste, onde os ratos começam a aparecer mortos e logo em seguida até mesmo as próprias pessoas sentem na pele o drama e calamidade da fatal doença. Acompanhando a visão do médico local, o doutor Rieux, vamos adentrando os locais menos habitados da cidade tão pacata, conhecendo a fundo os personagens que circulam pela história, assim como os dramas pessoais e tão bem descritos pelo autor. De maneira bastante gráfica, Camus consegue nos mostrar uma visão aterradora sobre as consequências da morte. A cidade tão calma passa então a entrar em pânico, ficando primeiramente isolada do resto das demais cidades, onde a própria população será obrigada a se reinventar para continuar a vida como se nada tivesse acontecido. De uma maneira geral a obra de Camus é uma verdadeira interpretação sobre o caos se estabelecendo, e claro, como o próprio caos pode passar a ser uma rotina e levar uma população ao estado de acostumar-se com a situação tão inusitada. Em suma: As pessoas se acostumam com tudo. Outro fator interessante é que muito dizem que a obra trata-se de uma simbologia ao período de invasão dos nazistas, levando o autor a admitir que seu conteúdo trata-se realmente de uma analogia a resistência da invasão hitleriana. Ou seja. a peste (os invasores) como algo irreal dentro de um cenários de calma, onde passa então a haver o caos que pode ser tratado como algo comum. Outro ponto importante sobre o livro é como a morte é tratada, já que cruelmente os indivíduos contidos no enredo percebem que ela chega de uma maneira não natural, mas sim gratuita e violenta, passando então a ser tida como um ponto de partida a ser decidido como destino final imprevisto. Como o próprio Clayton Melo diz em seu artigo cientifico "Trata-se de um romance que coloca o homem frente à situação-limite que mais o assusta: a morte, não como resultado do ciclo da existência, o que é natural, mas trágica, dolorosa, com sofrimento. E mais: gratuita, um capricho cruel que surge repentinamente, impondo um fim gradual e pavoroso. Dada sua onipresença e força simbólica, a morte é uma personagem nesse livro da separação e da esperança.". De modo geral o livro do Albert Camus, que passei então a tratá-lo por igual como alguns dos autores mais importantes da modernidade, é um livro reflexivo do ponto de vista humano, fazendo de sua literatura uma profunda reflexão importante sobre os aspectos da vida. Apesar das terríveis descrições da doença assolando a população (não conseguirei superar o capítulo com aquela pobre criancinha), é exatamente cenas como essas que nos despertam ao senso crítico e nos faz refletir sobre o sentido da vida, a superação dada pelo caos e a reinvenção não somente de um novo cotidiano, mas sim também do próprio jeito de olhar o outro e entender mais sobre as relações humanas. Um livro maravilhosos que merece muito mais que uma recomendação, mas sim o título de um belo exemplar de literatura universal contemporânea. Por Rodolfo Vilar
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April 2021
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