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O MUNDO SE DESPEDAÇA | CHINUA ACHEBE10/23/2019 Fazia um tempo que meu hábito de leitura não voltava a se estabilizar, na verdade ainda não voltou completamente, mas hoje sinto que minha têndencia aos livros e meu desejo pela leitura voltam a se reconectar a minha alma, tudo isso graças a um maravilhoso projeto chamado "TAG livros". No início ficava um pouco cismado em participar de um clube de leitura, pois ficava imaginando que iria sair prejudicado com a questão de receber todo mês um livro desconhecido (e se não gostasse do livro? e se recebesse um livro repetido? e se todo o prazer da leituta fosse desperdiçado?). Meras dúvidas sem sentido. A primeira grande coisa que o clube me proporcionou foi o sentido pela curiosidade da literatura, afinal de contas eu saberia que passaria a transitar dentro de um mundo (ou mundos) diferentes do que já estava acostumado, como aconteceu nesse mês. É um tanto gratificante receber um livro surpresa em casa, conhecer um autor diferente, saber que sua caixinha sempre virá com a maior dedicação já feita e ainda mais poder depois ter um espaço simples e organizado para enfim compartilhar suas impressões sobre a leitura. A TAG livros me proporcionou não somente voltar ao meu hábito da leitura como também me inspirou a voltar a comentar sobre literatura, a me conectar com a coisa que mais gosto no mundo: os livros.
O Mundo se despedaça, romance nigeriano de Chinua Achebe e publicado pela primeira vez em 1958, foi o meu primeiro contato com um romance africano, coisa até estranha de se pensar, mas proporcionado exatamente pelo incentivo da caixinha da TAG em conhecer coisas novas e sair da zona de conforto. No romance, centralizado no anti-héroi Okonkwo, iremos conhecer a civilização Igbo (localizada no sudoeste da Nigéria), onde através de seu próprio povo somos introduzidos a sua cultura, normas, política e religião, além das grandes fábulas e tradições orais inseridas por Achebe. Seu personagem principal é um tanto avesso aos tradicionais personagens que perpetuavam os romances da época, já que nessa obra Okonkwo é um quase-líder de sua aldeia, mas é visto como um homem grosseiro, machista e patriarcal. Apesar de todos os aspectos grotescos, é na essência de Okonkwo que está a moral da história: a forma de se manter a tradição de um povo que se vê em risco com a chegada do homem branco. Seu título é bastante curioso e traduz exatamente o que a obra quer passar: uma tribo forte pelas suas tradições, mas que passa a se desintegrar conforme passa a receber as influências do homem branco em sua civilização, ditante novas leis, novos paradigmas sobre sua religião e construindo justiça com suas próprias mãos. Apesar do inicio do romance ser altamente carregada da oralidade do povo Igbo, é no decorrer da leitura que vemos essa mesma tradição ruir. Então é aqui que o personagem Okonkwo faz seu principal papel, o de mostrar através de seus olhos a entrada do homem branco como invasor, destoando dos olhares de grandes clássicos europeus que mostram somente o ponto de vista dos conquistadores mas não do povo oprimido. Ler O mundo se despedaça foi uma experiência riquíssima no sentido cultural e de óptica, já que conhecemos um novo olhar sobre um povo oprimido, além das consequências sociais e filosóficas sobre a invasão europeia às terras africanas. Conhecer obras como essas e tantas outras é abrir o nosso leque para o intelecto e entender um pouco mais sobre os povos oprimidos.
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April 2021
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