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ÊXTASE DA TRANSFORMAÇÃO | STEFAN ZWEIG

11/19/2019

 
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Nesse último final de semana viajei à Recife. Momento esplêndido, maravilhoso, com amigos, com o amor, vendo lugares novos, tendo experiências novas, vendo paisagens novas e tomando extremas doses de transformação, uma transformação que é um chute na barriga, que não lhe aguarda que você a beba aos poucos, porque simplesmente nesses momentos somos dominados pelo "novo", pelo fascinante, pelo êxtase, até que de repente a magia acaba, voltamos a nossa realidade, retornamos ao nosso status, a nossa casa, a nossa rotina e tudo vai ao chão, porque daí lembramos a nossa verdadeira realidade e nossa verdadeira identidade e então entendemos a noção do mundo, da desigualdade, das oportunidades e nos tornamos um ser pensante, que é bom, é bom sim, mas que também machuca, nos revira as tripas e nos faz pensar sobre nosso âmago. Alguém me falou que essa sensação chama-se "mal do viajante", onde somos arrebatados do nada para o tudo e depois fazemos o caminho contrário. Foi com essa sensação que voltei da minha viagem e por coincidência a mesma sensação que tinha sentido com a leitura de Êxtase da Transformação de Stefan Zweig. 

Iniciado em 1931, pelas mãos de um dos mais brilhantes escritores do mundo, Êxtase da Transformação, que passou um tempão para ser concebido e rendeu muitas histórias e comentários. é um livro sobre ascensão e queda da mente humana. Stefan Zweig sempre foi um sujeito um tanto depressivo, tanto que esse fato se nota em suas obras, pois muitas relatam casos de personagens com depressão, em luta, em crises internas com suas próprias mentes, talvez um cano de escape para que o autor pudesse relatar a sua própria solidão interna. Adorador dos livros de Kafka, Balzac e Freud (esse último seu amigo), Zweig descreve com primordial ousadia um romance com notas de contos de fábula, mas que permeiam os maiores anseios da humanidade: A perda pelo conforto, o confronto entre mundos diferentes, a luta de classes sociais e o deslumbramento pelo mundo. Muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema, Êxtase da transformação é uma delas, onde recentemente deu origem ao filme "Hotel Budapeste" de Wes Anderson. Com uma mescla de seus próprios demônios, Zweig consegue nos mostrar uma relação fantástica e sombria sobre nossa realidade atual. 

Na primeira parte do livro somos apresentados a personagem principal, Christine, mulher nobre, servidora pública de uma agência dos correios de uma cidade do interior, que mora com sua mãe debilitada pela vida e que do nada recebe um convite inusitado de sua Tia que mora nos alpes suíços para passar uma temporada de suas férias que estão próximas. É nesse momento que acompanhamos a personagem na sua transição de seu mundinho para um outro bem diferente de sua realidade, um mundo em que ela será apresentada a alta classe social, a prazeres nunca conhecidos, tendo tudo do bom e do melhor e conhecendo as pessoas mais fascinantes. Porém isso é um mundo sem volta, principalmente para a nossa personagem, já que a mesma observa que algo estranho está acontecendo no seu âmago. Durante todo esse deslumbramento ocorre uma quebra brusca da magia, onde das cinzas foi nascida e das cinzas retornará. O que nossa personagem não espera é que toda essa reflexão farão com que muitas coisas mudem em sua vida, não somente seu modo de pensar e ver o mundo, mas também uma aventura nunca imaginada. 

Daí a minha relação com o livro lido e minha viagem recente. Nunca pensei que poderia correlacionar coisas tão comuns e com o mesmo ponto de vista. Zweig nos faz refletir sobre a condição da vida humana, assim com seu ídolo Balzac também o fazia. Somos apresentados ao paraíso e do nada somos arrebatados de volta para o inferno onde estávamos inseridos. Tem uma própria frase em um dos textos de apoio que diz, que só nos reconhecemos no inferno porque um dia conhecemos o céu. 
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