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Esse texto corresponde aos livros I,II e III da primeira parte do romance de Dostoiévski. Leia mais em: Abertura Karamázov ou Karamázovi (no plural): Nome forjado, composto provavelmente do substantivo Kara, castigo, punição; e do verbo mázat, sujar, pintar, não acertar. Seria simbolicamente aquele que com o seu comportamento desacertado provoca a própria punição. Rakítin numa conversa com Aliócha: "Eis sua definição e o fundo de sua natureza. Foi seu pai quem lhe transmitiu sua abjeta sensualidade [...] És, no entanto, um Karamázov! Na família de vocês, a sensualidade chega até o frenesi. O que significa ser um Karamázov, afinal de contas? Segundo o trecho do próprio livro, é ser sensual no sentido de ser determinado e dono de suas próprias ações. É ser vivo, fugaz, valente, enamorador, galante, ter o sangue azul correndo nas veias. É não ter papas na língua e dizer o que bem entender, porque ser Karamázov é de certa forma ser respeitado. Porém eu digo mais. Digo que ser Karamázov é não saber ao certo o seu destino, mesmo em meio a tantas ações praticadas - intencionais ou não. O Karamázov está para a razão humana assim como cometer loucuras e não dar-se conta disso, porque exatamente o que Dostoiévski quis criar foi uma família totalmente disfuncional em meio a uma grande tempestade de consequências sentimentais e desacerbadas. Publicada inicialmente em 1879, Os Irmãos Karamázov é uma obra Russa do grande autor Fiódor Dostoiévski. O livro se tornou tão importante na literatura que até mesmo o grande psicanalista Sigmund Freud a considerada uma das três grandes obras mundiais que todos precisam conhecer um dia na vida (entre as outras estão Hamlet e Édipo Rei). A narrativa principal, contada através do ponto de vista de um narrador que não é tão confiável, vai tratar da história de uma conturbada família em uma cidade na Rússia. O patriarca da família é Fiódor Pavlovitch Karamázov, um palhaço devasso que subiu na vida principalmente devido aos dotes de suas duas mulheres, ambas mortas de forma precoce, e à sua mesquinharia. Com a primeira mulher tem um filho, Dmitri Fiodorovitch Karamázov, que é criado primeiramente pelo criado que mora na isbá ao lado de sua casa e depois por Miússov, parente de sua falecida mãe. Com a segunda mulher tem mais 2 filhos: Ivan e Aliêksei Fiodorovitch Karamázov, que são criados também por um parente da segunda mulher do pai de ambos. Ao passo que Ivan se torna um intelectual, atormentado justamente por sua inteligência, Aliêksei se torna uma pessoa mística e pura, entrando para um mosteiro na cidade. Dostoiévski é um mestre na forma como constrói seus enredos, fazendo com que o leitor fique fisgado desde as primeiras linhas em conhecer seus personagens de uma maneira bastante minuciosa, o que nos provoca a conhecer cada um detalhadamente a ponto de desconfiar de seus atos praticados. Desde o início do enrendo que o autor nos faz conhecer a fundo a natureza dos Karamázov, principalmente do patriarca da família, um sujeito patético, detestável e que abandonou os filhos desde muito pequenos para poder usufruir de suas aventuras amorosas e vadias. Dostoiévisk nos faz odiar a esse homem, mas será isso um fato verossímil ou ele simplesmente nos manipula a ter uma desculpa futuramente para o que poderá acontecer? Não sei. Tudo é confuso e só temos que nos aprofundar na história conhecendo cada filho desse sujeito que aprendeu sozinho, ou com quem os criou, a verdadeira dor da vida real. É no primeiro livro da obra que o autor nos inicia a conhecer as características de cada um deles. Entre os filhos karamázov é possível distinguir três pontos distintos que fazem deles sujeitos diferenciados e ao mesmo tempo iguais. No mais velho, Dmítri, é possível enxergar sua ignorância e seu espírito de vingança motivado pelas desgraças do pai; no do meio, Ivã, sua inteligência é ao mesmo tempo sua dádiva e sua maldição, onde inúmeras vezes o enxergamos como que dominado pelos seus pensamentos e suas filosofias de vida. Somente Aliócha, o mais jovem dos três, é que parece ser o ponto de equilíbrio de toda essa família, onde a fé e sua devoção a religião o transformam em um sujeito consciente de seus atos, assim como também os dos que o rodeiam. Se pudêssemos de fato distinguir nossos personagens nesse ponto do romance, diria que Dimítre é o ponto auge da vingança que se estabelece dos conflitos entre eles e seu pai, seguido de Ivã que parece ser um sujeito maleável e que facilmente muda de ideias, enquanto que Aliócha parece ser bom, mas também teria motivos para entrar na mesma ideia de seus irmãos mais velhos. Mas por que Dostoiévski nos aponta o velho karamázov como um vilão? Ai fica a dúvida. É entre as longas conversas e os encontros bem peculiares entre irmãos e pai que vamos conhecendo minuciosamente os motivos que existem para que esse família não permaneça unida e constantemente esteja metida em confusão. O costurar do destino de cada personagem construído por Dostoiévski é manso e bem construído, o que realmente nos faz conhecer a fundo as motivações e os pensamentos de cada um. Profundamente psicológico, porque o autor nos faz cogitar a índole, os medos e as reviravoltas de cada um. Esse tipo de enredo é perigoso exatamente por nos provocar reações adversas sobre o destino daquilo que lemos. Então a única maneira de continuar a leitura é não confiar nesse narrador tão falso e modesto e esperar o que as próximas linhas podem trazer de tão misterioso. O livro I intitulado "História de uma família" é focada exatamente em nos apresentar essa família, porém Dostoiévski constrói inúmeros capítulos à parte, como era o costume dos romances daquela época, para tratar de assuntos críticos ou de pequenas opiniões do próprio autor. No livro II, "Uma reunião inoportuna", encontramos a família Karamázov numa situação bastante complicada, onde exatamente nesse ponto conhecemos que os problemas são realmente sérios entre ambos, além de nos acentuar o rancor pelo patriarca Fiódor. Já no livro III, "Os Lascivos", o autor nos dá uma pequena explicação dos motivos existentes entre os irmãos e seu pai, o que não poderia deixar de incluí o envolvimento de conflitos advindos de paixões impossíveis. Além disso, Dostoiévski irá nos apresentar a religião bastante peculiar dos startzi do qual Aliócha faz parte. São capítulos e capítulos á parte para tratar sobre esse assunto, já que entre os três irmãos, Aliócha é o que mais se apega ao lado religioso da coisa, nos apresentando grandes discussões sobre esse tema. Ainda muita coisa irá acontecer daqui pra frente. Toda a complexidade da escrita do Dostoiévski ainda não está no seu auge e chegaremos a esse ponto auge do romance. Não é à toa que muitos consideram os Irmãos Karamázov como a obra magma do autor, onde ele conseguiu usar toda sua maestria na arte de escrever. Então vamos continuar adentrando nesse mistério delicioso. Por Rodolfo Vilar
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Leia mais em: Parte I Pelo que entendi esse mês será especial para leitura de Irmãos Karamázov do Dostoiévski, então chegou a hora de tirar meu exemplar da poeira acumulada e por a leitura em dia desse livro que já faz um tempinho que está na minha lista de espera, ou quem sabe, de nossas listas de espera. Somente esse ano foi que conheci a literatura russa, quando o meu amigo Leonardo do Blog Brainstorm me obrigou praticamente a ler A morte de Ivan Ilitch do Lév Tolstói. Aconteceu que a leitura obrigada se tornou a porta de entrada para muitas outras obras do mesmo autor, inclusive fazer com que eu o considerasse um dos meus mais prediletos autores de todos os tempos. Após conhecer Tolstói e passar por vários de seus contos, inclusive vencer a tarefa esplendida de ler Guerra e paz, sempre cogitei a ideia de ler outro russo que não Tolstói. Todo mundo conhece Dostoiévski, principalmente pela sua famosa obra Crime e castigo, e exatamente por ser tão conhecido é que várias pessoas fazem diversas comparações entre esses dois autores. Ah, mas Tolstói escreve melhores enredos e tem uma forma só peculiar de narrar. Não, você precisa ler o Dostoiévski porque ele é totalmente psicológico com suas histórias, escrevendo com audácia personagens minuciosamente construídos. E foi com comentários desse tipo que sempre criei uma certa estima pelos dois, mesmo ainda não tendo lido Dostoiévski. Somente depois que consegui salvar um de seus livros de um sebo local foi que a possibilidade de lê-lo se tornou maior, até esse mês de setembro quando no canal da Tati Feltrin ela comenta sobre seu projeto onde lerá Os irmãos Karamázov. Então aproveitando esse embalo em que todo mundo irá compartilhar de sua leitura, tirei o pó do meu exemplar e já me preparei para esse mês intenso que será ler esse clássico. Não colocarei metas em minha leitura, até porque vocês já conhecem as minhas políticas de bom leitor. Resolvi que por ser um livro grande e denso, as considerações sobre ele aconteceriam em quatro partes, consequentemente as quatro partes do livro, podendo então esmiuçar e abranger muita coisa desse momento. Poderá acontecer de rolar alguns spoilers em consequência dos comentários que serão levantados, por isso que esse post inicial é mais que um aviso,é na verdade um convite para que você, que também tem o livro encalhado na estante ou que está com muita vontade de ler, possa se juntar a mim para compartilharmos nossas opiniões sobre Os Irmãos Karamázov. Como não coloquei limites, especificamente, usarei todo o mês de setembro para atualizar essa página com todos os momentos marcantes do romance, o que equivale dizer que provavelmente estarei semanalmente atualizando os posts referentes a esse meio-que-projeto-de-leitura. Então é isso! Para me acompanhar você pode acessar essa página exclusiva do projeto, clicando aqui, onde estará disponível os comentários sobre cada livro do livro. Fique atento as informações de acessibilidade da página e em nossas redes sociais, é lá que compartilharei quando novos posts estarão disponíveis para leitura. Junte-se a nós, tente desvendar esse crime incomum proposto por Dostoiévski e Boa leitura! Por Rodolfo Vilar
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April 2021
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