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Um conto de Natal | Charles Dickens12/23/2015 Chegou o natal! É o período do ano em comemoramos o renascimento, a união, a confraternização e principalmente a mudança, a vinda de uma nova fase em todas as nossas vidas. Mas você já parou para pensar sobre esse sentido de mudança que o natal quer proporcionar? Para refletir sobre isso o Blog Brainstorm junto com o Bodega Literária decidiu comentar e indicar um dos maiores clássicos da literatura inglesa e fruto de muitos aspectos do natal. Confira o post a seguir. Hoje a última indicação do ano de 2015 é um clássico literário que exatamente por ser um clássico, é dotado de vários significados que percorrem o mundo em todos os países e nas mais diferentes línguas e culturas. Exatamente por isso tentaremos nesse post mostrar a importância do clássico Um conto de Natal de Charles Dickens. Quando Dickens escreveu seu conto, estava passando por uma tremenda crise financeira que de certa forma abalou sua vida. Foi com essa necessidade em ganhar dinheiro que o autor britânico aceitou a oferta de criar contos natalinos para serem publicados nos folhetins que percorriam a Londres do ano de 1843. O mais engraçado, e achamos que seja um fato que quase ninguém sabe disso. Antes de escrever Um conto de natal, Dickens escreveu um outro conto chamado A história dos duendes que sequestraram um coveiro (publicado numa coletânea de contos chamada Histórias de fantasmas pela L&PM) que nada mais é que um ensaio para a ideia original da estória que viria surgir futuramente. Em A história dos duendes que sequestraram um coveiro conhecemos um velho rabugento, que odeia tanto o natal que prefere passar esse período natalino cavando covas. O sujeito numa determinada noite é sequestrado por um bando de Duendes que o levam para uma caverna e tentam mudar a cabeça do velho rabugento. Em suma essa primeira estória traria todos os elementos principais do que viria a ser Um conto de natal: Um velho rabugento que odeia o natal, um determinado ser que aparece do nada para mudar a vida desse senhor e a redenção do personagem malvado. Foi com a publicação de Um conto de Natal que Dickens conseguiu segurar os bolsos e vender mais de seis mil exemplares do conto que para ele era apenas ”Um simples conto de caderneta de jornal”. Bom, mas vamos deixar de enrolação e explicar do que realmente o conto se trata. Um conto de natal (no original A christimas Carol) vai nos contar o cotidiano rabugento e cinza de um velho senhor contador chamado Ebenezer Scrooge. Logo no primeiro capítulo do conto conhecemos o quanto esse tal Ebenezer odeia o natal, o que ele proporciona e todo o clima festivo capaz de transformar as pessoas nessa época final do ano. Vamos fazer uma doação para a caridade senhor Scrooge? Não mesmo! Existem as cadeias para essa gente que precisa de ajuda! Vamos jantar com a família lá em casa Tio Scrooge? Não vou! Dane-se você e seu natal em família! Feliz Natal senhor Scrooge! Ahh, Dane-se todos vocês e esse feliz natal! Isso é só um exemplo do quão o velho é razinza, pão duro e insensível com a humanidade. Mas claro que Dickens, com sua narrativa maravilhosa e salpicada de um bom humor, iria nos levar para uma mudança repentina em sua estória quando resolve dar uma boa lição de moral no velho Scrooge quando numa noite fria e solitária de seu natal ele é visitado por três fantasmas que mostram o quanto as coisas em sua vida podem ser diferentes caso ele decida a redenção. Esses três fantasmas mostram momentos distintos da vida de Scrooge. O primeiro fantasma é conhecido na estória como o "Fantasma dos Natais Passados". Temos aqui uma retomada da infância e da juventude de Ebenezer Scrooge. Já o segundo fantasma é conhecido como o "Fantasma do Natal Presente", que mostra ao personagem as várias celebrações natalinas que estão acontecendo naquele momento. Por causa deste segundo fantasma, Scrooge conhece a família do seu empregado e assisti a ceia de natal dele e de sua família, que mesmo simples é carregada de amor, felicidade e carinho. Já o terceiro fantasma é o mais assustador. Ele é o "Fantasma dos Natais Futuros". Ele é o encarregado de mostrar a Scrooge o seu destino, caso ele não mude – uma morte dolorosa, soltária e sem amigos. Reviver o passado, ter um novo olhar sobre o presente e ter uma prévia assustadora sobre o futuro, mexeu com o nosso personagem. E quem não ficaria mexido com essa experiência? Dickens dá um choque de realidade, ao fazer com que Scrooge tenha um novo olhar sobre a sua vida que é cercada de solidão, avareza, tristeza e outros sentimentos ruins. Nota-se também nesta obra, uma crítica ao consumismo e o esquecimento do espírito natalino. Entretanto, essa crítica é feita de modo sutil e elegante, como só Dickens sabe fazer. As críticas contidas no livro, dão a ele um caráter atemporal. Suas reflexões e possibilidade vão além do seu tempo. Dickens nos faz repensar o modo como enxergamos o natal e a nossa vida. Estamos tão presos nas nossas "bolhas", que muitas vezes esquecemos de coisas básicas, esquecemos até mesmo dos nossos sentimentos. Estamos tão preocupados em consumir, em buscar lucros, em possuirmos bens de consumo, e isso está nos transformando em "Scrooges". Todos nós, em algum momento já fomos ou somos Ebenezer Scrooge. Apesar de ser pequeno no tamanho, a obra de Dickens é rica no seu conteúdo e na mensagem que carrega. Com descrições bem detalhadas, somos inseridos rapidamente no momento em que a obra foi concebida. Outro fato interessante é a passagem em que Dickens retrata elementos como a ignorância e a miséria de modo alegórico. Está é uma das mais belas passagens do livro e iremos deixá-la aqui: "São os filhos do Homem - respondeu o Fantasma, olhado para elas. - Eles se prendem a mim, porque tem medo dos pais. O menino é a Ignorância, e a menina, a Necessidade. Cuidado com os dois, mas principalmente com o garoto, pois em sua testa estará sempre escrita a palavra Perdição, a menos que alguém resolva apagá-la. Negue-a! - gritou o Espirito, apontando para a cidade. - Não a aceite nunca. Se fingir que a aceita, por algum motivo, mesmo pensando em seus próprios interesses, tornará as coisas ainda piores..." (DICKENS, Charles. Um conto de natal. p. 78) O objetivo de Dickens foi o de mostrar que devemos nos tornar pessoas melhores, devemos buscar bons sentimentos. Bens materiais são importantes e necessárias, mas não são tudo. O que realmente vale são os bons momentos que vamos colecionando ao longo da vida, as boas relações, gestos de bondade e carinho. E fica aquela certeza que enquanto houverem pessoas como Scrooge no mundo, Um conto de natal viverá. Escrito por Leonardo Junio e Rodolfo Vilar.
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April 2021
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