BIBLIOTECA
Esse texto corresponde aos livros IV, V e VI da segunda parte do romance de Dostoiévski. Leia mais em: Abertura Parte I Dostoiévski no prólogo de seu romance: "Ao começar a biografia de meu herói, Alieksiéi Fiódorovitch, sinto-me um tanto perplexo. Com efeito, se bem que o chame meu herói, sei que ele não é um grande homem; prevejo também perguntas deste gênero: "Em que é notável Alieksiéi Fiódorovitch, para que tenha sido escolhido como seu herói? Que fez ele? Quem o conhece e por quê? Tenho eu, leitor, alguma razão para consagrar meu tempo a estudar-lhe a vida?" Seria de fato Alieksiéi o herói da obra de Dostoiéviski? Até agora não sei dizer com certeza nada sobre isso, mas que Aliócha constituí o personagem principal de "Os irmãos Karamázov" isso posso admitir. Confirmo isso do ponto de vista pelo qual o autor nos conduz dentro do enredo, na forma como esse personagem é tido como um pêndulo que oscila entre todos os outros personagens que circulam dentro da história. O fato é que essa segunda parte do romance é bem retida em focar os aspectos psicológicos de nosso personagem, assim como do mosteiro e de seu mestre, dois pontos importantes de esclarecimento para se entender as atitudes de Aliócha. Já tinha comentando isso e, depois de ouvir de outras pessoas a mesma opinião, ficou claro que os grandes autores russos adoram fazer críticas ou levantar questionamentos sobre religião e fé. Dostoiéviski dentro desse livro faz os dois, tanto criticando a questão da fé como um ponto de salvação para a humanidade, ou mesmo a exploração do espirito de bondade que deve ser praticado para a recompensa final do paraíso; como também questionar sobre a própria fé em si, como muitas das cenas em que vemos o próprio Aliócha discutir com seu irmão, e crédulo, Ivan. Após o livro IV intitulado "Mortificações", onde Aliócha presencia a questão do praticar da bondade e é rejeitado de uma certa maneira, temos o livro V chamado "Pró e contra" no qual contém o capítulo mais famoso e criticado da história (O grande inquisidor) em que temos a passagem levantada por Ivã no qual ele proclama que rejeita o mundo que Deus criou porque foi erguido sobre uma base de sofrimento. Esse capítulo, "O grande inquisidor", nada mais é que uma capítulo onde Ivan narra para Aliócha seu poema imaginado que descreve um líder da Inquisição Espanhola e seu encontro com Jesus, que retornou à Terra. Aqui, Jesus é rejeitado pelo Inquisidor que o lança na prisão e depois diz: Por que achaste de aparecer agora para nos atrapalhar? Pois vieste nos atrapalhar e tu mesmo o sabes. [...] Faz muito tempo que já não estamos contigo, mas com ele [Satã] [...] Recebemos dele aquilo que rejeitaste com indignação, aquele último dom que ele te ofereceu ao te mostrar todos os reinos da Terra: recebemos dele Roma e a espada de César, e proclamamos apenas a nós mesmos como os reis a Terra, os únicos reis [...] mas nós o conseguiremos e seremos os Césares, e então pensaremos na felicidade universal dos homens O Grande Inquisidor diz que Jesus não deveria ter dado aos humanos a "carga" do livre arbítrio. Ao final dessas discussões, Jesus silenciosamente dá um passo à frente e beija o velho homem nos lábios. O Grande Inquisidor, atônito e comovido, ordena que Ele nunca mais volte ali, e o solta. Aliócha, após ouvir a história, vai até Ivan e o beija suavemente, com uma emoção inexplicável, nos lábios. Ivan grita de alegria, porque o gesto de Aliócha foi tirado diretamente de seu poema. Os irmãos então se despedem.¹ É possível perceber que Aliócha pode não ser o herói de nossa história, mas sim ser tratado como o personagem com mais princípios, mais culpabilidade pelos seus atos e que se importa com a ação praticada pelos outros que o rodeiam. Por isso que considero Aliócha o espirito pensador do enredo, no qual sua consciência trabalha por todos, sendo nesse caso, o guia de seus próprios irmãos. Já no último livro, o VI (Um monge russo), nos adentramos em conhecer a historia e a morte do mestre de Aliócha, o Stariéts Zossima, em toda sua complexidade e construção de vida. É nesse capítulo que conhecemos o homem considerado por alguns como santidade pelas suas práticas. Porém quando adentramos em sua história, descobrimos que sua humanidade é bem mais forte e interessante do que sua fase atual onde muitos o consideram como um homem de virtudes indiscutíveis. No final desse capítulo é que Dostoiévski reforça essa questão do "ser humano", quando o "fato final" descrito mostra que por trás de todos nós, dentro de nossa intimidade, é que passamos a ser iguais a todos: em momentos sublimes e em outros verdadeiramente podres. 1. Retirado da Wikipédia Por Rodolfo Vilar
0 Comments
Leave a Reply.NAVEGUE POR CATEGORIAS!Para facilitar sua procura, busque abaixo na lista o nome do autor que você procura. AUTORES
All
NÃO TEM O SEU AUTOR AQUI? NOS INDIQUE LEITURAS!Se você procurou algum título ou autor e não encontrou aqui, deixe-nos sua indicação através de um dos links abaixo. No e-mail, nas redes sociais ou nos comentários
CONHEÇA TAMBÉM:Para entrar em contato conosco, utilize o link abaixo e preencha seus campos de email.
ARQUIVOS
April 2021
|