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Esse texto corresponde aos livros VII, VIII e IX da terceira parte do romance de Dostoiévski. Leia mais em: Abertura Parte I Parte II Já passamos da metade do romance, o que significa dizer que aquilo-que-é-spoiler-e-não-pode-ser-dito já aconteceu. Esse penúltimo post sobre "Os Irmãos Karamázov" será provavelmente o último no qual abordarei assuntos e pontos de vista do qual não revelo de maneira alguma spoilers circunstanciais que comprometam a leitura daqueles que apenas procuram por informação. Então deixo avisado de antemão, esse será o último post que você poderá ler sossegado, uma vez que, quando voltar para fechar o especial, já estarei eufórico para comentar os fatos que revelaram o fim desse grande romance. Já se passou dois posts sobre o enredo do Dostoiévski e juro (é sério, juro mesmo!) que tentei não falar sobre algo que me incomodou bastante. Posso estar louco ou devotado do espírito de discriminalidade machista, mas houve momentos dentro do livro no qual me incomodaram bastante à respeito do papel das mulheres que levam alguns fatos a se desenrolarem. Tudo bem que existe passagens altas em que o autor exalta o papel que a mulher estará a conquistar na sociedade nos próximos anos em que o livro foi escrito, mas vocês se sentiram incomodados ao descobrirem que boa parte das explicações dadas as ações realizadas pelos irmãos, e pelo próprio pai karamázov, se dá ao fato de haverem mulheres metidas no meio? Veja por exemplo a explicação que envolve a briga entre Dímitre e seu pai? Veja por exemplo as reações que Grutchenka provoca em seus amantes? Tudo bem que essa personagem não tem lá seus pudores e direitos como personagem de boas ações. Tudo bem que as brigas entre pai e filhos também envolve herança e o fato da falta de consideração que o pai teve com seus filhos durante a criação dos mesmos. Mas eu senti um desmerecimento enorme à respeito das mulheres nesse romance, porque elas não passam disso, de protagonistas de romances. Não encontrei até agora uma mulher personagem forte, com princípios, justificativas para ações dentro da trama que explique fatores ou dê aos leitores empatia. Fica injusto tratar de feminismo ou apontar fatores fortes para as personagens de Dostoiévski nesse romance. Quero saber de vocês se também se sentiram um pouco incomodados. (Aceito comentários no espaço abaixo deste post). Mas voltemos ao que aconteceu nessa terceira parte. Nessa parte do livro somos preparados - ou não - para o grande fato, auge, apogeu, acontecimento homérico, desse livro. É nessa parte que precisamos estar atentos quanto algumas informações importantes, ou não, que o narrador irá nos passar. E eita que narrador danado ein. Ficamos confusos com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. São reflexões sobre fé e personalidade, são acontecimentos referentes aos amores proibidos, e são as vinganças premeditadas. Digo logo, nada será como você imagina. No Livro VII temos como foco Aliócha, desde sua perda comentada no post anterior, como também o seu momento de mudança. É nesse momento que percebemos uma mudança (não descrita, mas percebida) em sua natureza, onde o "despertar" para o mundo que fará parte talvez seja a explicação para muita coisa que aconteça. Já no Livro VIII, com foque em Mítia, não conseguimos de maneira alguma largar a leitura de tão intensa, visceral e psicológica. Nesse auge acompanhamos Dimitre em prol de se vingar de Grutchenka - seu grande amor - por o ter abandonado e fugir com um oficial antigo noivo seu. Somos impelidos por raiva, desprezo, demônios e crueldade. Somos fisgados pela narrativa contagiante e thriller de Dostoiévski em nos contar como sua mente é brilhante e astuciosa em prender o leitor. Só lendo para entender. E para finalizar, no Livro XI, de uma maneira bem investigativa e desdenhosa do ponto de vista de Mítia, conhecemos o desenrolar e o inicio do maior suspense entre os irmãos Karamázov que faz desse livro o melhor de todos. Se você que me acompanha chegou até aqui para compartilhar de suas impressões de leitura, eu tenho um aviso: No nosso próximo encontro prometo não ter papas na língua e comentar tudo que já passamos nesse romance profundo, mental e vivo que Dostoiévski conseguiu criar. Não é a toa que Freud leu esse troço e o usou em seus estudos. É de arrepiar. Então até a próxima. Por Rodolfo Vilar
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April 2021
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